Pó de bexiga de porco regenera dedo

Pó de bexiga de porco regenera dedo em quatro semanas

Poucos são capazes de identificar qual dos dedos das mãos de Lee Spievack teve a ponta amputada há três anos. O desafio não é fácil mesmo. Lee Spievack, de 69 anos, perdeu a parte superior do dedo médio da mão direita em um acidente com a hélice de um avião de aeromodelismo. O corte foi acima da unha e atingiu até o osso.

O acidente foi em 2005. Hoje nem sinal do ferimento. Lee Spievack conta que resolveu falar da recuperação para que as pessoas saibam que existe algo mais e para homenagear o irmão, o veterinário Allan Spievack, que morreu há dois meses.

Foi Allan quem indicou o uso de um produto que já funcionava no tratamento de animais: um pó feito da bexiga do porco. O material, chamado de matriz extracelular, é usado principalmente em cavalos, na regeneração de partes feridas.

Lee diz que, todos os dias, lavava o ferimento e usava o pó na ponta do dedo. Depois fechava com um curativo. Ele conta que, já no primeiro dia, percebeu que a cor da pele em voltado ferimento começou a mudar, ficando mais clara.

Depois, além da cicatrização, ele notou que o dedo estava também crescendo, voltando ao tamanho original. Em quatro semanas, o dedo tinha recuperado a pele, a unha, o osso, os vasos sanguíneos, os movimentos, a sensibilidade e até a impressão digital.

"As únicas diferenças”, ele diz, “são que a pele nova não é tão ressecada como a antiga e que a unha regenerada cresce mais que as outras. Preciso cortar quase todos os dias”.

O tratamento, que parece milagroso, começou nos laboratórios da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, e é o resultado de mais de 20 anos de trabalho de pesquisadores. Foram eles que descobriram que as células internas da bexiga e do intestino do porco podiam virar um pó com uma capacidade regeneradora jamais vista até hoje. É este pó que pode trazer esperança a milhões de pessoas amputadas no mundo todo.

O cientista Stephen Badylak, responsável pela matriz extracelular, diz que apesar dos anos de pesquisa e de saber que o material tem uma excelente capacidade de regenerar tecidos, ficou muito surpreso com o resultado no dedo de Lee Spievack.

Ele diz: "A regeneração de tecidos não é rara em crianças de 1 ou 2 anos, mas não é comum em pessoas de 60 anos. Não sabíamos se era efeito do material ou processo natural do corpo. Mas aí pensamos: já aconteceu com dois pacientes idosos, não pode ser apenas sorte".

Segundo Badylak, isso não significa que o pó seja a solução para todos os problemas de pessoas amputadas. Um teste com a matriz extracelular está sendo feito em soldados que voltaram das guerras do Iraque e do Afeganistão com os dedos das mãos amputados.

Badylak diz que em seis ou doze meses será possível avaliar o resultado do estudo. A notícia do dedo regenerado correu o mundo e levantou a suspeita de muitos médicos e cientistas.

Stephen Badylak diz que o ceticismo é saudável. É isso que faz com que os pesquisadores tenham que provar, dentro dos laboratórios, a eficácia de novas descobertas.

“Para dar outro passo, que é crescer dedos, coração ou fígado, será preciso combinar células-tronco, matrizes e remédios na hora certa e no lugar certo”.

Lee Speivack diz que não se importa que os outros não acreditem e conclui: "Eu posso te dizer com toda a certeza, talvez eu não viva para ver o pó sendo usado por todos. Mas você e as pessoas mais jovens do que eu verão”.

Fonte: Fantástico

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