Falsos erros de português

Coletânea de frases e palavras da língua portuguesa que boa parte das pessoas pode pensar que está errado, mas não está. Alguns até causam divergência entre linguistas, mas as formas listadas aqui são todas aceitáveis. Confira:


Particípio regular x irregular
- Se você não tivesse pegado dinheiro, estaríamos fritos!
Palavras feias, porém necessárias, os particípios regulares dos verbos são obrigatórios quando acompanhados dos verbos de ligação "ter" e "haver". Então, "Ele havia se ocultado", "Eu já tinha limpado", "Ela terá imprimido". Da mesma forma, devemos usar o particípio irregular quando estivermos usando o "ser" ou "estar": "O dinheiro foi pego", "Ele foi oculto", "Aquilo já tinha sido limpo". Há alguns particípios irregulares que pouco se usa, mas que devemos saber: tingir-tinto, romper-roto, concluir-concluso. Há ainda verbos que não têm particípio regular, e nesse caso a regra é usar o único particípio disponível, o erudito. É o caso de:  abrir-aberto, cobrir-coberto, ganhar-ganho, e alguns outros. Na dúvida, o melhor é consultar uma lista ou um dicionário de conjugação.

Erro de concordância?
- O pessoal de lá foram muito atensiosos.
É feio, os ouvidos doem, mas é correto. Trata-se de uma figura de linguagem chamada "silepse". Ela consiste em fazer a concordância não com o sujeito, mas sim com o que ele expressa. No caso da frase citada, "pessoal" é singular, mas expressa a ideia de várias pessoas, portanto podemos concordar no plural. Assim, podemos dizer: "Os seres humanos somos racionais". E há casos menos doloridos: "Campo Grande é arborizada", "A gente é muito novo" e até mais bonitos, como "Todos somos iguais". <Veja mais>

Pronome
- A gente ficou muito assustado!
Acreditem, eu já ouvi professores dizerem que a expressão "a gente" não existe. Não sei porque as professoras de primário insistem isso! "A gente" faz sim, e ponto! Mas claro que o pronome "nós" é o elegante que deve ser usado em certos casos.

Verbo "ser"
- Hoje é 6 de junho
Sim, o verbo "ser" pode concordar com o sujeito, não há problema algum. E também pode concordar com o objeto. No caso citado, pode-se dizer tanto que "Hoje é 6" quanto "Hoje são 6". Particularmente, acho a primeira forma mais bonita. <Fonte> <Veja mais>

O passado nem sempre indica passado
- Eu queria te fazer uma pergunta...
"'Queria' ou 'quer'"? Quantos já ouviram isso? Desnessessário. É claro que quer! O tempo verbal passado nem sempre indica passado. Neste caso, apenas suavisa o pedido, deixando-o num tom mais delicado, e permanece com a ideia de presente. Então, gostaria de te pedir: nunca mais pergunte se seu interlocutor falou no passado ou no presente quando ele expressar um pedido ou desejo, e saiba interpretar fora do pé-da-letra. Aliás, gostaria de ressaltar que o uso do tempo passado tem várias funções que não indicar de fato algo que já passou, e é bem interessante prestar atenção nelas. Outro exemplo é: "Que dia é a festa?" Neste caso, o verbo no presente "é" tem o sentido de futuro, "Que dia será a festa". Mais um que usamos sem perceber!

Imperativo
- Continua!
Nunca vi ninguém implicar com isso, mas já foi uma dúvida para mim: o imperativo pode ser tanto "continua" quanto "continue". O primeiro é usado com o pronome "tu", e o segundo, com "você". Só para treinarmos: "continua tu", "continue você", "continuemos nós", "continuais vós", "continuem vocês". Também muito usados com sujeito oculto. Vale a pena também dar uma olhada nos imperativos dos verbos irregulares. Ah, e claro, não há imperativo para a primeira pessoa. Não que ninguém dê ordem/pedido/conselho a si mesmo, mas é que, quando o fazem, usam a segunda pessoa.

Singular
- Eu já coloquei um clipe nessas folhas.
Algumas pessoas acreditam que "clipe" não tem sigular, e acabam pedindo "um clipes". É errado, porque existe sim o singular "clipe'.

Na matemática...
- X é maior ou igual a Y
Certos autores escrevem "maior do que ou igual a", o que não é necessário. Nesse caso, basta usar as preposições requeridas pelo último advérbio/adjetivo. É o mesmo que ocorre na frase "Eu faço tarefa antes e após a aula". Não falamos "Faço tarefa antes de e após a aula".

Que dia mesmo?
- Eu falei com ele antes de ontem.
Essa eu fiquei muito tempo pensando que fosse errado, até ver em renomados livros. É certo sim dizer "antes de ontem", apesar de ser bem mais confortável pronunciar "anteontem".

Por quê?
- Queria saber por que ele não apareceu.
Neste caso, usa-se sim o "por que" separado. Apesar de não haver ponto de interrogação, é uma pergunta indireta. Ou seja, embora não haja a entonação, dá pra perceber que existe uma dúvida. <Fonte>

Sílaba tônica
- A emissora bateu récorde de audiência ontem à tarde!
Eu já estava até me policiando para falar "recorde" com a entonação certa, sílaba tônica no "cor", até descobrir que "récorde" é uma forma aceitável. Agora, falo as duas, dependendo da frase.
Mais palavras de dupla pronúncia? Aqui: acróbata ou acrobata, crisântemo ou crisantemo, hieróglifo ou hieroglifo, Oceânia ou Oceania, ortoépia ou ortoepia, projétil ou projetil, autópsia ou autopsia, biópsia ou biopsia, necrópsia ou necropsia…<Fonte>

Hãn?
- O que você fez?
Percebeu o erro na frase? Provavelmente não. Acontece que considera-se errado começar uma pergunta com "o que". O certo seria "Que você fez?". Mas não vamos exagerar. "O que" neste caso é absolutamente aceitável!

Dando explicação
- Vem cá, que ele quer te ver! 
Quantos de nós já evitamos esta forma numa redação só pra escrever o bonito "porque"? Acontece que o simples "que" também pode ser usado para explicar uma causa.

Separado também!
- Não me deu nem um real!
Na frase acima, "nem um" dá a ideia de "nem sequer uma unidade", "ao menos um". Por isso, é separado. "Nenhum" é mais usado para apresentar ideias não-contáveis: "Não restou nenhuma mágoa". E também para expressar coisas mais gerais: "Nenhum computador apresentou problema". Ao dizer "Nem um computador apresentou problema", porém, enfatiza-se a ideia de que cada um dos computadores está funcionando perfeitamente. <Ver mais>

Erudito ou não?
- Era uma família pobríssima.
Já levou um susto quando ouviu isso em um noticiário? Pois a palavra "pobríssima" também existe e pode ser usada no lugar de "paupérrima". Esta última é a forma erudita, e a outra é a forma regular do superlativo de "pobre".

Comparando medidas
- O edificio é mais grande do que largo.
Não é "maior"? Não. Apesar de soar estranho, neste caso em específico, estamos comparando o tamanho do edifício (subentende-se altura) com a largura dele mesmo. Então, ele é mesmo mais grande do que largo.

Grafia
- Que estória é essa?
Ambas as formas "estória" e "história" são consideradas corretas, embora a primeira tenha caído em desuso. Muitos até as consideram sinônimas, mas a preferência é por usar com H para se referir à ciência que estuda o passado e com E para fatos isolados, contos e lendas.

Retirado de http://raphaelrs55.blogspot.com/2011/02/falsos-erros-de-portugues.html.

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